Acho o sol rachando de um desespero atroz. Tudo fica mais aflitivo, mais pastoso. Na nuca uma poça de suor aparece. Um dia me falaram que o calor é insuportável para os controladores. Que ele faz com que a pessoa fique fora de si. O frio é mais ponderado, mesmo que ele seja exagerado, podemos agasalhar em um nível possível de superá-lo. A alta temperatura não. É impossível tirarmos a pele. A pessoa descontrolada adora o calor, ele deixa tudo meio Gabriela, banho de mangueira e morenice cafuza. Mas eu não nasci assim, nem cresci assim. Hoje a tarde, entre fofocas, malditas e delicias, um vento apareceu. A brisa é um estado e um efeito digno de celebração. Eu tinha tanta coisa para falar, mas preferi falar do tempo. E sem metáforas.
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