Batida de carro, com vítimas

Eu não quero príncipe, quero pirata. Não quero que apareça alguém que corresponda as minhas expectativas, quero que alguém me sequestre. Não quero pedir nada, quero ter tudo roubado. Meu sossego, minhas convicções. Quero-o velho, cheirando cigarro e me amando, cheirando cachaça. E quando eu começar a acostumar com a malandragem ele vai partir para o mundo, e vai me deixar. Mas eu vou me rastejar a procura dele, mas não porque não vivo sem ele, ou porque virou minha dependência fálica. Eu vou atrás, porque sou feito de reticências. O ponto final e a exclamação, não dizem nada a mim. Gosto das histórias arrastadas, que cruzam outras histórias e complicam tudo. Não ligo se ele for daqueles irritantes de tão lindo. O que eu gosto mesmo é de continuar não esperando nada, e deixar o corpo livre para possíveis esbarrões. Mas lá no fundo eu aguardo essa batida de carro, com vítimas.