Eu tinha 10 anos, não podia entrar no hospital. Esperei um tempo para ver ele, roxo, zoiudo, minha infância iria mudar. Ela se tornou muito mais lúdica. Com ele brinquei de locadora, de lutinha. Eu levava nas lojas do shopping e esparramava ele no meio das roupas de marca cara. Coisas de pré-adolescente. Um dia nós saímos e fui até a pracinha, no caminho eu tropecei e para não derrubá-lo ralei todo o meu joelho e braço, mas ele ficou intacto. Quando ele não chora no filme ou quando sente dificuldade de se expor eu o entendo, vivemos como crianças na mesma casa, tentando não deixar o outro cair demais. Uma década nos separa, mas a criação sempre nos uniu. Ele dirige, escreve roteiros, eu atuo, faço graça. E sempre nos encontramos entre jogos de estratégia, chutes no baço e filmes para o Oscar. Esse é o meu sobrinho Caio e eu o “mo tio” dele.
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