No momento em que você parou de falar, eu não resisti. Queria desvendar seu corpo todo, reconhecer sua pele, sua composição. E você dizia que cabeça de pau é independente, que não escolhe momentos óbvios para aparecer. E eu fui o premiado. Você queria utilizar o teclado, e cruzava o movimento dos seus braços em cima dos meus. E eu, fraco, virava gelatina. Minha mãe dizia que se pegasse friagem depois de estar muito bem agasalhado, virava gelatina. Gelatina é feita a partir do choque térmico do muito frio com o muito quente. E eu com você sempre fui gelatina, pois você provoca em mim sensações antagônicas. E quando você me tocou você me beijou, eu estava eletrificado, potencialmente em curto. E nos tocávamos, transávamos, como duas moças lesbianas. Não importava a penetração, pois o que estava acontecendo ali era reconhecimento de plataforma. Era sexo de base. Eu me entregava chocado com o poder do seu reflexo, da sua reverberação em mim. E me vi boqueteiro, mas não por fazer o boquete, mas pela boca pasma, sempre entreaberta. Eu sempre respirei pela boca, mas agora é algo além de ar que faz ela ficar assim.
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