Agora estou em casa, revivendo cada foto sua. Agora só tenho olhos para o nosso início. Você era de algum espaço virtual qualquer, e se ofereceu para ser retratado. Quando vi os seus olhares, me ofereci para posar também. Assim que você entrou na minha casa as paredes reagiram e toda história que eu lutava para apagar se resignificou. O sofá onde antes era a esquina da minha mãe, agora vejo você escondido, com vergonha de se despir pela primeira vez. O banheiro de paredes brancas pintadas para apagar rastros verdes de ex-amantes, agora vejo você demarcando território, inúmeras vezes. A cozinha, exclusiva de Maria, agora vejo também um homem rindo por eu não saber abrir a garrafa de vinho. No escritório vejo esse ser virtual, agora materializado. E depois de sexo, bebida, larica e fetiches, você fica de cueca, sentado na cadeira solitária. E conta do pai, da mãe, do irmão, dos relacionamentos. E eu conto da mãe, do pai, dos casos. E foi naquele momento que vi seu olhar marejado quando contava história de morte, que desconfiei que talvez você fosse o meu novo homem. Meu angustiado, revoltado, instigante novo homem. Minha guerra.
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