Tem gente que acha que você é um perigo ambulante. E eu me deleito nos seus riscos. Sinto sua pele serena, mastigada de tantos trinta e poucos que passaram. Você abre seu sorriso rasgado e meu semblante modifica, fica adúltero. Traio meus preceitos de ser ético e me lambuzo em você. Escuto flashs de máquinas registrando nosso encontro e o que elas reproduzem é realidade inventada. Mas meu membro reage. E se digo membro, não pinto, é porque o sinto como uma revolta do corpo contra o tronco. Com você ele não é pinto, ele é festa sem dia para acabar. E você diz, e você chora, e você reclama da sua feiura, da sua inadequação. E eu te respondo, te rabiscando e te celebrando como Festa de São João. Os balões foram soltos, mas você continua impassível. Fico pelado, me altero, me desloco, faço graça. Eu agora eu é que me sinto perigoso, e é a minha pele de também trinta e poucos mastigados que propõe riscos. Eu te assumo por inteiro, independente do remédio que você tome. E se nessa declaração desencontrada, você se assustar pelo que aconteceu é justamente nesse lugar que quero te fazer duvidar. Os descompassos de quereres são mesmo perturbadores. Se você quer que falemos baixo que você é soropositivo e eu não, eu respeitarei. Mas bradarei para todos os cantos como é bom o seu beijo de canto de boca.
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