Saí com um cara que tinha um peixe só

Ele me disse que tinha um peixe. Pediu um vinho da África do Sul, pois disse que eu era um homem de gosto exótico. Contou que quase sempre fugiu da terapia, 3 meses no máximo. A conta deu 250 reais, ele pagou. Eu tinha que voltar antes que o metrô fechasse, ele me impediu. Levou-me para sua casa, onde não podia entrar com tênis. Então começou o tchaca tchaca na butchaca. Naquele momento ele não era mais o mesmo rapaz gentil da wine bar. Ele com suas pernas empurrava os meus ombros com força. E seus movimentos eram brutos, estocados e estabanados. Eu havia tomado muito vinho, estava lento e estranhando aquele sexo descompassado de dominador passivo. Parei e falei: não vai rolar! Ele paralisou catatônico, com uma taça na mão, e ficou vendo Edward Norton na TV. Eu não estava confortável, comecei a me vestir pronto para ir embora. A rejeição fez com que a face dele se modificasse e nada além de desculpa, ele conseguiu falar. Na despedida o vi nu, irritadiço, e no fundo o imenso aquário de um peixe só. Queria apenas ter dito: tente ultrapassar os 3 meses de terapia.