Redes Sociais no mundo contemporâneo: plataformas para arte e o diálogo através das performances virtuais de André Medeiros Martins, por Felipe Dias Candido

FELIPE DIAS CANDIDO

 

Pós-Graduação em História da Arte

 

REDES SOCIAIS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO: PLATAFORMAS PARA A ARTE E O DIÁLOGO ATRAVÉS DAS PERFORMANCES VIRTUAIS DE ANDRÉ MEDEIROS MARTINS

 

Orientadora: Professora Maria Carolina Ravazzani de Almeida

 

SÃO PAULO 2016

 

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Claretiano para obtenção do título Especialista em História da Arte.

 

REDES SOCIAIS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO: PLATAFORMAS PARA A ARTE E O DIÁLOGO ATRAVÉS DAS PERFORMANCES VIRTUAIS DE ANDRÉ MEDEIROS MARTINS

 

RESUMO

O presente trabalho aborda a forma como diversos artistas têm buscado repensar a arte no contexto da sociedade contemporânea e começam a explorar a internet, em especial as redes sociais, como plataforma de expressão artística e como um meio de divulgação e difusão de ideias. O trabalho Performances Virtuais, do artista André Medeiros Martins, é usado como exemplo dessa abordagem, refletindo sobre como além de plataforma para o fazer a artístico, a obra de arte pode funcionar, também, como ferramenta de diálogo para melhor compreensão do mundo contemporâneo e das relações sociais, a partir do uso das redes sociais, meios de comunicação comum a quase todas as pessoas.

Palavras-chave: Performance; Artes visuais; Redes sociais; André Medeiros Martins.

 

INTRODUÇÃO

 Nas últimas décadas, percebeu-se um crescimento do acesso à internet no mundo todo, e a participação de grande parte de seus usuários nas chamadas redes sociais, como Orkut (que foi um fenômeno, mas já teve suas atividades encerradas), Facebook, Myspace, Twitter, Youtube, Linkedin, dentre outras. Segundo Sibilia (2008, p. 11) em menos de uma década, os computadores interconectados através das redes digitais de abrangência global se converteram em inesperados meios de comunicação. Para a autora,

Nas últimas décadas, a sociedade ocidental tem atravessado um turbulento processo de transformações, que atinge todos os âmbitos e leva até a insinuar uma verdadeira ruptura em direção a um novo horizonte. Não se trata apenas da internet e seus universos virtuais para a interação multimídia. São inúmeros os indícios de que estamos vivenciando uma época de transição, um corte na história; uma passagem de certo “regime de poder” para outro projeto político, sociocultural e econômico (Sibila, 2008, p. 15).

As redes sociais proporcionam a seus usuários o compartilhamento de ideias e experiências e a criação de vínculos em torno de interesses comuns, traduzidos em relacionamentos pessoais e informais. Para muitos de nós, usuários dessas plataformas, são uma nova fonte de prazer, funcionando como um novo espaço de comunicação, de diversão e uma ponte para os relacionamentos, tornando-os mais “próximos” e “rápidos”. Através dessas redes nos comunicamos em tempo real independente das distâncias, acessamos informações de todo tipo, a qualquer hora do dia, realizamos diferentes atividades simultaneamente, criamos personagens e interagimos virtualmente com pessoas e marcas.

Jenkins (2008, p. 43) acredita que nossas vidas, relacionamentos, memórias, fantasias e desejos também fluem pelos canais de mídia, o que nos leva a crer que os meios de comunicação, além de transmissores de informação, moldam o pensamento e a sensibilidades dos indivíduos, dando margem assim, para o surgimento de novos ambientes socioculturais.

Já Lévy (1999, p.105) afirma que as realidades virtuais compartilhadas, que podem fazer comunicar milhares ou mesmo milhões de pessoas, devem ser consideradas como dispositivos de comunicação “todos-todos”, típicos da cibercultura, termo que ele define como sendo o conjunto de técnicas [materiais e intelectuais], de práticas, de atitudes, de modos de pensamentos e de valores que se desenvolvem em conjunto com o ciberespaço, que para o autor é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores, que ele chama de “rede” (ibid, p. 17).

Hoje o indivíduo contemporâneo, globalizado em sua essência, tem que se situar neste ciberespaço, entendido aqui sob a ótica de Pierre Lévy, como espaço eletrônico, composto por outros espaços e tempos, que não passam somente pelo estar aqui e agora. Nesse sentido, podemos considerar com o autor, que o aqui pode representar muitos lugares, e o agora não mais representa esse exato momento.

Para Villaça e Góes (1998, p.73), a velocidade das transformações contemporâneas faz com que cada vez mais o espaço não seja visto como algo de exterior ao sujeito, seu cenário, “coisa” extensa, passando a elemento constitutivo de sua estruturação. Já Sevcenko (2001) comenta que

O surto vertiginoso das transformações tecnológicas não apenas extingue a percepção do tempo: ele também escurece as referências do espaço. Foi esse o efeito que levou os técnicos a formular o conceito de globalização, implicando que, pela densa conectividade de toda a rede de comunicações e informações envolvendo o conjunto do planeta, tudo se tornou uma coisa só. Algo assim como um único e gigantesco palco onde os mesmos atores desempenham os mesmos papéis na única peça em que se resume todo o show (Sevcenko, 2001, p.20-21).

Em uma era marcada pela revolução da informação e dos meios de comunicação, a tecnologia se faz cada vez mais presente no cotidiano dos indivíduos e impõe a necessidade de repensar a arte no contexto digital. Isso acontece basicamente no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, e vem-se desdobrando até os dias atuais.

Arantes (2005, p.18-19) comenta que a arte em mídias digitais é hoje incluída em festivais de arte, bienais e exposições, fazendo parte de textos de pensadores nacionais e do exterior e adquirindo as mais diversificadas nomeações, tais como ciberarte, tecnoarte, arte eletrônica, arte informática, arte numérica, arte em novas mídias, parecendo ter realmente encontrado um lugar de destaque no cenário artístico contemporâneo. Ainda segundo Arantes (ibid, p.24), empregar a expressão “arte em mídias digitais” sugere, nesse sentido, uma produção artística que atua não somente na interface com a informática, mas também na confluência com os meios de comunicação mediados por computador. Essa confluência é o objeto maior do presente trabalho, tomando como exemplo as chamadas Performances Virtuais, produzidas pelo ator, fotógrafo e performer André Medeiros Martins.

 

ARTE DIGITAL NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

  

A arte na pós-modernidade (período iniciado na segunda metade do século XX), vai carregar consigo inúmeras reflexões e questionamentos a respeito do momento histórico em que se vive, um período onde todo o processo criativo e artístico sofre uma transformação, e é fortemente influenciado por quase tudo já ter sido feito e visto, e onde se entende que uma das principais saídas criativas (se não, a única), será a combinação, a mescla e a reapropriação das coisas do que foi produzido anteriormente e atualmente. Sobre isso, Liesen (2005) comenta:

Com o cinema, o rádio, o jornal e a televisão, a cultura de massas encontrou os sustentáculos ideais para sua estabilização. Ao mesmo tempo, o surgimento de novas tecnologias e grandes descobertas no campo da ciência (como a do DNA, por James Watson e Francis Crickem, 1953) abriu novas possibilidades para o imaginário artístico, que já mergulhava na total aceitação do efêmero, do fragmentário, do descontínuo e do caótico, ignorando toda estruturação racional iluminista do pensamento acerca da realidade. (LIESEN, 2005, p.78)

Considerando que a arte também incorpora os valores da sociedade que a produz e que o artista se apropria das técnicas e tecnologias de seu tempo, não seria equivocado afirmar que a arte em mídias digitais surge para potencializar esses apontamentos, gerando outras possibilidades de montagens, colagens, mixagens, bricolagens, simulações e interações.

Nesse sentido, estamos diante de uma nova forma de manifestação artística, agora virtualizada, digitalizada e desmaterializada, que não tem mais como suporte o papel ou a tela, mas sim, o próprio ambiente, entendido neste texto como ciberespaço, podendo ser difundida e compartilhada através dele.

Dessa forma, uma obra pode ser reproduzida em infinitas possibilidades e compartilhada com milhares de pessoas, questionando pressupostos antes atrelados a ela como autenticidade, aura, seu valor de culto e de exposição, dentre outros, conforme discutido no ensaio intitulado “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” de Walter Benjamin, publicado em 1955, quando ainda se discutia os desdobramentos da arte moderna.

A arte em mídias digitais traz como propostas, algumas ideias da arte comunicação dos anos 1980 como: 1) a interatividade, ou a participação do espectador na obra, incrementada agora pelo surgimento de sofisticados programas e equipamentos de informática, facilitando a interação entre homem e máquina; 2) a simultaneidade, ou a execução e apreciação de uma obra em tempo real ou a troca de informações simultaneamente; 3) a simulação, ou o estar presente em espaços remotos, vivenciar personagens e experiências quaisquer que sejam; 4) o compartilhamento de informações, preferências, ideias, pensamentos; 5) a possibilidade de estar em vários lugares ao mesmo tempo; 6) a transitoriedade ou uma obra de arte móvel, como por exemplo, a veiculada em um celular; 7) a desmaterialização da obra; 8) a coletividade ou a realização de obras em parceria com outros artistas e profissionais de áreas diversas, como com engenheiros, biólogos, etc.; e, 9) da interconexão entre mídias, informações e imagens diversas.

Cabe ressaltar que todas essas ideias devem adotar uma certa plasticidade, já que podem sofrer modificações de acordo com as interações do meio e de seus usuários. Com isso, a obra se torna multidimensional e multissensorial, já que assim privilegia não só a visão, mas o tato, o olfato, o paladar e a inserção corporal, propiciando ao espectador novas experiências, inclusive a de co-autoria, além de novas formas de contemplação. Para Arantes (2005, p.37) a arte se mistura com a vida, e o público é chamado a “viver” a obra. Sobre isso, a autora ainda comenta que

No lugar do mutismo contemplativo há uma produção que reclama a participação do espectador. Ao mesmo tempo, a participação ativa do espectador na produção da obra de arte sugere a ideia de processo, chamando a atenção para a maneira como a obra se manifesta entre o público (Arantes, 2005, p.37).

Percebe-se então, que na contemporaneidade, as diferentes modalidades e linguagem das artes se misturam, se hibridizam, se sincronizam, ganham interdisciplinaridade e provocam uma sobreposição de suportes, por vezes exigindo do espectador uma participação integral, uma vontade de conhecimento e apreensão, conforme exemplificaremos a seguir, a partir do conhecimento do trabalho do ator, fotógrafo e performer André Medeiros Martins.

 

Performances virtuais: A ocupação das mídias sociais com diálogos em forma de arte

 

André Medeiros Martins é um autor que transita por diferentes expressões da arte. Com formação de ator, Martins também se expressa por meio de fotografias e, mais recentemente, performances, trabalhos nos quais aborda temas como nudez, sexualidade e diversidade sexual. Apesar de transitar por esses campos, André renega o rótulo de artista. “O que nunca pretendo fazer, é arte. É sempre o que menos interessa. Eu não me preocupo, se no final, ou em qualquer momento depois, alguém falar que minha obra não pertence ao universo da arte. Tudo bem! Meu interesse é na conversa, no diálogo” (Martins, 2016).

E dentro desse desejo de diálogo e comunicação, André reconheceu nas redes sociais terreno fértil para a produção, buscando, de alguma maneira, interferir – e criar ruído – na vida cotidiana de seus “consumidores”. Segundo Martins, “o que gosto, é que nesse espaço da internet, as pessoas estão lá, em diferentes momentos de suas vidas. Elas estão se masturbando, ou lendo, ou cozinhando, ou elas acabaram de acordar. Elas estão em diferentes momentos de suas vidas e coisas estão acontecendo com elas. Então eu sinto que meu trabalho interfere realmente, dentro da casa delas, ou dentro do trabalho, onde quer que esteja” (Martins, 2016).

Com esse pensamento, André começou a realizar, em uma página secreta dentro do Facebook, uma série de ações, chamadas por ele de Performances Virtuais. Arantes (2005, p.49) chama atenção para o fato de que há cada vez menos pertinência em entendermos os produtos ou processos estéticos contemporâneos como criações individuais, destruindo a ideia de que obra de arte é resultado de um gênio criativo de uma única pessoa. Dentro desse contexto, as ações de André são feitas em conjunto com seus espectadores. A partir de um estímulo lançado pelo próprio Martins, as pessoas interagem com ele, e a partir dessas relações, o artista cria fotos em tempo real. Com já mais de 20 ações realizadas, alguns dos temas trabalhados foram objetos, frases, sonhos, fetiches, suruba, beijos, choro, entre outros.

As imagens produzidas por André são feitas a partir da câmera do computador e, em geral, o rosto do artista não aparece. “Eu tento me ausentar bastante, ao mesmo tempo que eu estou inteiro lá. Meu corpo, minha mente, a escolha dos objetos que eu uso, a fluidez estão lá”, (Martins, 2016) conta André que, como em todas suas ações artísticas, busca criar diálogos. “Eu comecei o Performances Virtuais como forma de identificar o que as pessoas que estão envolvidas comigo estão falando, o que elas pensam. Não é o que EU acho, eu sempre tento buscar o outro. Foi uma maneira de me aproximar das pessoas, já que não vamos conseguir nos encontrar presencialmente com todo mundo que está nessa rede, já que estamos conectados com 4, 5 mil pessoas, as ações foram uma forma de saber de que maneiras eu poderia interferir naquilo” (Martins, 2016)

Com esse pensamento, aliado a uma realidade que é bastante comum à contemporaneidade, André busca interferir na vida dos espectadores de sua arte, se contrapondo à maneira que, tradicionalmente se entende e aceita, o consumo de arte. “Quando eu falo que me incomodo de fazer uma exposição, é porque as pessoas estão indo para aquele espaço, e elas sabem como devem se comportar, elas já têm um modus operandis de como estar numa exposição, o que pode ou não ser feito, o que pode ou não ser falado, o que pode ou não vestir pra ir… Na internet não, as pessoas estão simplesmente vivendo. E a performance pode trazer esse ruído também nesse ambiente. A minha bunda, quando aparece pras pessoas, tem estranhamento, elas podem estar no trabalho, por exemplo, é um lugar em que elas não estavam esperando” (Martins, 2016). Assim como o espaço diferenciado, a forma de produzir a arte proposta por André, também dialoga com o universo da internet, onde as informações estão cada vez mais rápidas e efêmeras, e essa é a tônica que guia a produção das performances. Diz André: “Eu sigo muito a ideia do fluxo contínuo, que não dá espaço para a manipulação da informação. Se você tá cagado, apareça cagado. Mas apareça! Até quando eu deixo pro outro dia — porque em algumas situações, eu não consigo fazer todos os pedidos em um único dia — quando eu vou recomeçar, eu não fico lendo os pedidos antes, não fico vendo ‘ah, tem isso, então vou criar assim ou daquela forma’… eu entro de novo no fluxo e pronto, recomeço” (Martins, 2016).

Por fim, André acredita que seu desejo de diálogo foi atingido ao promover suas Performances Virtuais em sua página secreta dentro do Facebook. “A gente [ele e sua audiência] se conecta de alguma forma. Interferimos no desejo um do outro. Se você pediu algo, se você colocou algo naquela ação, você tava falando de algo que você desejava naquele momento. E, também naquele momento, eu reproduzi aquilo a partir de um desejo meu também. Então, de alguma maneira, a gente se conectou naquele espaço. Eu acredito que, pra mim, nessa necessidade de diálogo, de fazer algo nascer ali, naquele momento, eu acabo conseguindo” (Martins, 2016).

 

Fetiches, desejos e pedidos: Análise das imagens produzidas para a performance “Fetiches”.

O trabalho de André Medeiros Martins foi, durante muito tempo, pautado pela sexualidade, abordando o tema de forma bastante explícita. Segundo o próprio artista, sua imagem ainda está bastante ligada ao erotismo e à pornografia (Martins, 2016) e é natural que os seus espectadores ainda desejem ver essas abordagens nas fotos produzidas por ele.

Assim, independente do tema das Performances Virtuais propostas por André, em diversos casos os pedidos dos espectadores se relacionavam, de alguma forma, ao sexo, e tentavam trazer o corpo do artista de forma explícita para a imagem. Para reverter essa lógica óbvia e simples, o artista utilizou diversos recursos para tentar reinventar as palavras, expressões e, assim então, criar formas diferenciadas de diálogo com seu público. Como exemplo dessa abordagem, será utilizada a performance “Fetiches” (tema com bastante conotação sexual), realizada pelo artista no dia 12 de junho de 2015.

A primeira forma (e a mais recorrente) de reversão utilizada por André em suas Performances Virtuais, e muito notada em “Fetiches”, é a criação, em suas fotografias, de inversões de expectativas, apresentando imagens com sentidos literais, e não as utilizadas em âmbito sexual, como “pau duro”, “saco”, “bolas”, entre outros (Fotos 3, 4, 5, 6 e 7). Tal proposta gerou uma dinâmica entre o artista e os espectadores, que entraram no jogo proposto por ele e tentavam outras possibilidades, buscando sempre alternativas para que ele produzisse as fotos com o teor sexual desejado.

Outra chave utilizada por André nessas ações e que podem ser encontradas em “Fetiches” é quando ele cria, a partir dos mesmos estímulos com conotação sexual, outros sentidos figurados para abrir as compreensões a respeito da palavra, da imagem e da interação com a arte. Essa forma de atuação pode ser notada em pedidos como “Gêmeos” e “Casais”, nas figuras 8 e 9.

Ainda na performance “Fetiches”, Martins utiliza sua ferramenta artística para construções inspiradas em críticas sociais, em especial aos papéis de gênero que são reproduzidos na sociedade contemporânea. Ao ser solicitado que criasse uma imagem a partir da palavra “submissão”, o artista, além de também não utilizar o sentido esperado com cunho sexual, cria uma representação com símbolos e signos comumente associados ao universo feminino, como a maternidade e tarefas domésticas (figura 10), mostrando como a sociedade na qual vivemos ainda carrega machismo em seu cerne. Assim, podemos perceber como a mulher ainda é vista e tratada como submissa no mundo contemporâneo. Essa discussão sobre as relações de gênero e as representações femininas na sociedade, serão aprofundadas pelo artista em seu projeto Feminices, que está sendo desenvolvido ao longo deste ano de 2016.

Com diferentes formas de abordagem dos pedidos de seus espectadores, André apresenta novos caminhos para a compreensão e consumo da arte, para além do óbvio e do que tradicionalmente se espera dele, enquanto artista, e também do sentido adotado por cada pedido, dentro daquele contexto.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O presente trabalho apresentou um breve contexto do fazer artístico contemporâneo, período no qual as manifestações artísticas se misturam, se hibridizam, se tornam interdisciplinares, o que acaba por gerar sobreposição de suportes e linguagens. Dentro desse contexto, a obra intitulada “Performances Visuais”, do artista André Medeiros Martins, é exemplo.

Na atualidade, a arte ganha novos contornos e re-significações, visto que além da criatividade artística, as expressões se juntam à ciência e tecnologia, gerando um novo meio de expressão, com resultados inovadores, gerando, inclusive, maneiras diversas de consumo da arte, por diferentes meios, plataformas e interações. Segundo alguns autores pesquisados, é só a partir destas novas formas de contato que uma obra faz sentido e se concretiza.

Quando a arte chega ao novo universo do ciberespaço, ela começa a transitar por outros caminhos, como o da imprevisibilidade, do inesperado, das diversas leituras e, principalmente talvez, o da não passividade diante da obra, com o espectador podendo interagir, participar, mudar os rumos e, até mesmo, determinar os caminhos que a obra deve seguir. Assim, as artes ganham novos contornos no mundo contemporâneo, podendo ser vivenciada no cotidiano, fazendo parte do dia-a-dia, não só mais como contemplação restrita a espaços e momentos pré-determinados.

Nesse sentido, a arte contemporânea deve-se fazer perceber, ser ativada ou experimentada, exposta e comprada, considerando que pode ser virtualizada, digitalizada e desmaterializada, incluída nas mais diversas atividades cotidianas, com presença maciça, em especial, nas redes de mídias sociais, que tanto tem feito parte do cotidiano do mundo contemporâneo.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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MARTINS, André Medeiros. Entrevista concedida a Felipe Dias Candido. São Paulo, 28 abril. 2016.

 

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