Peito cabeludo de inveja mata!

Tem a música do Chico, Pedaço de Mim, que me lembra do que me foi arrancado. Aquele luto desencaixado que é o misto da falta com a vontade de comer. E ao mesmo tempo em que cantarolava a outra O Meu Amor, que tem um jeito manso que é só, eu me aconchegava nos seus pelos e sentia o seguro e o prisioneiro. Com vocês todos, me senti extraterreno, pertencente ao lugar daqueles que tem companhia. E digo no plural, porque hoje nessa terapia, não sei mais discernir se vocês eram individuais ou funções. Ontem tive raiva, ódio, da festa pululante, na qual eu não sou mais convidado. Fico com sensação idiota de ter sido especial, mas vejo que na vida comum, o ordinário é bem mais interessante. Fui bomba-relógio, provocador, e isso de nada nos serviu. Estou em corda bamba, no momento do quase pulo ou quase desmaio. Aquela prisão domiciliar afetiva era ao mesmo tempo meu porto seguro e meu expectador. Agora eu não tenho mais fãs número um. Achei engraçado que fiquei abalado por saber de fatos teus felizes e isso me provocou inveja. Mas antes de dormir eu pensei que eu nem mais te imaginava, que enquanto você não sorria na minha projeção você estava indefeso. E me senti filho da puta, mas me corrigi, te desejando baixinho que o seu corpo seja testemunha do bem que ele te faz, segundo o Chico da nossa música. Dormi e acordei com a sua mensagem no meu telefone. Sim, você pode vir mais cedo. Mesmo que seja apenas para eu registrar o que já não é mais, deitado no seu peito cabeludo.