Deixei de enroscar as mãos

Comprei as passagens, já está tudo certo. Este ano eu viajo, para este eu de agora nunca mais voltar. Você queria viajar comigo, mas eu não queria, e naquele dia na piscina você perguntou: porque não? E eu enrolei porque no fundo eu sabia que não continuaríamos juntos. Não fui feito para fazer turismo, nem para aventuras. Eu só viajo para tentar largar e romper com tudo isto que está amorfo, que me cerca. Lembranças suas, histórias dela, acordar enroscando os dedos no peito cabeludo. Esnobar o pinto que se oferece ereto. O coração na boca da saudade dela quando eu voltava para a casa. Meu bem, se você não quer mais me ver, eu respeito. Mas a questão é que agora você não tem mais essa opção, aquele lá desapareceu. E se um dia eu voltar a te ver, saiba que será outro, com mais vistos no passaporte e menos dinheiro no bolso. Recebi um vale para apagar uma memória da minha história, e eu te digo que eu não escolhi as nossas.