Papai, hoje eu fiz a peça Beijo no Asfalto. Subi em um ônibus e fiz cena de hominho bêbado e escroto. Papai fui embora com amigas, e uma delas me ofereceu maconha e eu aceitei. Papai sai da casa dela bambo, alegre, como se tivesse acabado de chegar de Bali. Papai, e lá na Casa Aberta, eu bebi, como o senhor. Não sei por que tinha ojeriza de tudo que viesse do álcool. Meus ex-namorados nunca podiam beber ao meu lado, nem fumar. A perda do controle tinha que ser por outras vias. Papai volta para o Beijo. Boca com boca é pele com pele, não há de ser nada. Mas tem gente que chora quando bebe. Outras ficam em silêncio. Outras têm dificuldade para se emocionar. O pior beijo é aquele que vem como sobra, como restinho de noite. O Beijo no Asfalto, depois do acidente, foi beijo de afeto. Ou você pode escolher papai, e achar que tudo foi inspirador. Papai, você não me deve mais nada. Mas queria muito que um dia você me acudisse de uma noite de bebedeira, onde fui frágil tentando ser forte, onde fui burro tentando ser sábio, e onde fugi daqueles ensinamentos que você melhor me ensinou. Guarde todos os seus sentimentos, sinta-se sempre vítima e beba! Agora eu posso me arrepender do que falei de despautério ou assumir que o que eu gosto é dessa loucura líquida. Papai, beija minha boca!
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