O caboclo me disse: – O que é essa dor no seu peito? E eu respondi: – Não é no peito, estou com hérnia de disco e mal consigo andar. E ele retrucou: – A dor do peito é mais forte. Então ele fez uma sequencia de gestos, com copo, pano e dizeres. Não voltei mais lá. Mas durante este ano, vários deles estiveram comigo. Os exus meninos participaram tanto da construção de um cenário que eu fiz, eram as bases da mesa de um bar, como me acompanharam na cena em que eu era Arandir e o sogro desejoso me perseguia. Perguntaram-me no dia porque que eu esfregava as mãos no pescoço e na nunca e eu não sabia a resposta. Neste ano me apaixonei por alguns frequentadores de centros. Um corria para o mar nos momentos de apuro para falar com Iemanjá e o outro me contou que naquela semana seu baiano apareceria. Mas o que eu guardo com cuidado é a lembrança que naquele mesmo dia do caboclo duvidoso, a noite terminou com todos os erês cantando parabéns. Com bolo, brigadeiros e docinhos, a dor no meu peito se desfez.
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