Mãe de Peixe, peixinho não é

Minha mãe não sabia nadar. Minha irmã foi campeã de natação. Minha mãe não tinha força nas pernas. Eu nadava sempre na raia ao lado dela, e embaixo da água eu via seus pés quase na vertical. Minha irmã tinha muitas medalhas, e eu andava com elas no pescoço. Ela era vitoriosa. Acho que é tudo uma questão de respiração. Quando ficamos muito tempo submersos, o corpo tem que se equilibrar, e a cabeça girar, para pegar mais ar. É uma regra de vida. Mas cada vez que minha mãe virava, ou ela pegava muito pouco ar, ou ela perdia o equilíbrio. E para ser um vencedor não basta pegar oxigênio e virar a cabecinha. É necessário velocidade. Minha mãe era lenta demais. Eu sei nadar, mas nunca cheguei em primeiro lugar. Meu melhor estilo sempre foi costas, nunca corri para ganhar de frente. Sentia o fim da competição batendo a cabeça na base da piscina. Todos os filhos aprenderam a nadar menos ela. Mãe de peixe, peixinho não é. E entre água, bebida, urina, suor, e outros tantos elementos líquidos, encerro minha pesquisa aquática, andando sobre as águas.