Ela estava tão feliz. A irmã havia chegado. Fazia tempo que ela não se sentia tão bem acompanhada, integralmente. Elas ficavam conversando, horas e horas. E eles podiam assim ficar trancados dentro do quarto, horas e horas. Quase no final da despedida deles, ele cortou um pedaço do dedo. Eu fui ao hospital. Ela estava indo para o aeroporto. Eles se despediram. A mãe voltou a ficar sozinha, sentada, no canto do sofá em L. A ferida do dedo foi cicatrizando, junto à vontade de dizer adeus. Mas se engana quem acha que no final eu sobro, só miolo, amarelo, aguado. Fico à espera – daquilo mesmo – para me vingar de um amor que foi embora. A cigana disse: tá aqui ó, na palma da sua mão. No meio dessas linhas, está cheio de entrelinhas… No caminho de volta do Ipiranga, fui à direção da casa dele e ele da minha, e então como um detetive que recria a cena do crime, descobri quem é o assassino e quem é a vítima que grita. Ciganas blefam demais.
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