Às vezes eu esqueço quanta gente já se despiu nessa casa. Desde que minha mãe, M., saiu por esta porta cambaleante, infartada e nos meus braços, essas paredes começaram a ver tantas pessoas sem traje algum. No começo, enquanto o segundo J. estava aqui, os pelados ainda eram velados, pudicos, com a mão tampando o bico e o pinto. Mas depois quando esse J. nunca mais voltou por aquela porta, o povo botou calcinha, rodopiou na cama, mijou de porta aberta, esfregou pele nas dobradiças, entrou na geladeira, comeu minha comida, fumou os meus cigarros. Cada sessão fotográfica feita aqui é quase espírita, são obsessores que se despedem. E no mesmo lugar em que durmo, que como, que cago e me masturbo, eles expõe sua intimidade e viram a pele deles e a minha casa do avesso. Todos colaboraram para a criação do primeiro épico passado inteiramente dentro de um apartamento. Homens e mulheres que botaram o sexo na mesa. Obrigadinho!
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