Comprei um projetor. E estou criando agora a série de fotos intitulada ‘Comprei um projetor’. É algo bem simples. Coloco um filme, uma foto e projeto no ambiente, no corpo da pessoa. Não mais importa se ela está nua ou não. Anos atrás eu fazia sessões com cores únicas. Laranja, azul, vermelho, até chegar ao estojo de 12 cores da Faber Castell. Mas hoje em dia as coisas não estão mais primárias. Parece que caiu água nos lápis aquarelados e tudo borrou. Vazou. E ele está escorrendo exatamente nestas projeções. Quero documentar todos os universos que criamos sem existir e que depois cobramos do outro o porquê daquilo não ser verdade. Ora, assuma a sua mentira ou deixe o rapaz em paz. Optei por projetar o filme ‘Sonhos’ nele. Escolha curiosa. E naquele banheiro diminuto, com cores em movimento desenhando o nosso encontro, Alfredo – o cachorro chorava na porta, não entendendo porque tudo estava demorando tanto lá dentro. Cachorros também projetam?
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