Quando vi ‘O Cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o Amante’ fiquei catatônico. As cores não eram as mais comuns. Tudo era meio feio, poluído, cheio de texturas desagradáveis. A antropofagia não vinha do fato somente do amante que seria devorado, ela vinha do vermelho de Lady Mirren, dos enquadramentos de Greenaway, e da celebração canibal de todo o roteiro. Assisti quase todos os seus filmes, antes dos 15 anos. Confesso que não entendia quase nada, mas aquilo me instigava para algo além-cinema, além-teatro, além-artes plásticas. ‘O Bebê Santo de Macôn’ era um delírio sanguinário e apoteótico que marcou toda a minha adolescência. Mas eis que surge ‘O Livro de Cabeceira’ e ele desenha todos os meus fetiches, de amor, violência e poesia. Nunca revi nenhum filme dele, ainda tenho medo de romper com as primeiras impressões. Quando me deixava, sem pestanejar, ser devorado!
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