Ele morava longe. Com cachorro, carninha, praia, alunos e mercado público. Pegava Uber, avião, aeromóvel, trem, ônibus e carro para chegar. Deixava Azeitona deitar na poltrona, chorava com Demônia no colo e me alegrava em acarinhar Tieta. Lia Woolf, Carolina, enquanto ele estava na reunião de colegiado. O carro parava na rua de terra e eu aguardava o portão abrir. As vezes pegávamos o cobertor, estendíamos na parte de fora para ver estrelas. Ele fazia comida que eu não gostava, mas eu sempre ficava bobo admirando seu manuseio com os temperos, as conversas e os chamegos. No dia que ele recebeu a notícia que tinha conseguido um emprego em São Paulo, eu estava lá, no meio de uma crise. Calei, desci as escadas e chorei no canto da lareira. Ele empacotou tudo durante o Carnaval, eu o esperava com pneumonia. Agora iríamos morar juntos.
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