Paredes brancas de desassossego

Paredes sempre foram significativas. No antigo apartamento já colava fotos e pedaços de revista em uma parte do meu quarto, bem teen. Depois quando João foi viajar cheguei ao meu máximo, e colei fotos no meu quarto inteiro, até no teto. Sem um respiro, eu precisava de companhia. Ele voltou e pintamos ela de verde. Depois veio o Jeff, e ele desesperado pelo meu amor passado fez com que eu o agradasse, tapando tudo, agora com papéis de parede floridos. Mas eu tinha todo o resto da casa. Então colei, borrei, sujei, exagerei. E neste começo de ano, depois de uma tarde louca, peguei bucha e removedor e limpei todas as paredes. Dizem que uma hora vou recolar tudo, mas eu afirmo que deixei de acreditar em companhias de papel.