Todo Natal eu tinha pânico! Era eu e minha mãe na casa da família do cunhado. Minhas irmãs também estavam meus sobrinhos e tal. Mas era apenas eu e ela que voltávamos sozinhos para casa. Natal era o momento de confraternizar com uma família querida, mas que não era a nossa. E o que era de mais peculiar é que fazíamos isso porque na nossa restrita família nunca existiu celebração de nada, nunca existiu comunhão de nenhum gosto, ou momento. Eram ilhas, cheias de desejo, mas que continuavam sendo ilhas. Eu, muito moço, muito menino, não conseguia compartilhar uma felicidade, ou qualquer outro sentimento bom genuíno, pois eu não o sentia. Estava assustado em uma casa com uma história que não me pertencia. Pior era quando chegava meia noite. Por que tanto abraço? Por que tantos sorrisos? Mãe, vamos voltar para casa? Minha mãe agora é falecida, é fato. E hoje voltarei para o Natal da família alheia. E é algo que vou com vontade. As cobranças já passaram. A família não importa, o que é bom é a festa. Aprendi a gostar do Natal!
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