Entre pele, pele e pele

Ele espantou-se quando descobriu que ele também estava de calça azul, no mesmo vagão, trocando mensagem comigo. Mundo pequeno – disse ele. Ele não deixa ninguém passar a mão no seu rabo e estranhamente ele o deixou a vontade, e lá estava ele com a cabeça repousada nos braços dele. Ele falou dos meus cachos e dos meus gostos. Ensinou-me putarias em castelhano e as desenhou no meu corpo. Muito tempo que essa pele, com outra pele, não repele e aceita. Ele cheira meu livro e me cheira – quer gravar meu cheiro, ele. Disse para a tia não esperá-lo para o jantar. As fotos tinham que ser melancólicas, mas quem disse que iríamos conseguir? Porra é festa – ele leu. Mas essa festa tinha hora para acabar. Ele disse que morava em Santander, eu entendi Santo André. Santander fica em Cantábria, Espanha. Santo André fica mais perto. Mundo imenso – disse eu. A pele dele foi embora e a minha continuou mesmo em sonho cheirando aquele menino tão perturbador que fez com que eu entendesse que a minha pele é feita de sexo e de um arfante desejo de seu amor. Ele disse assim.