Comecei odiando, sentindo inveja rasgada. Inventando dores passadas para justificar esse nylon puxado do meu peito. Até no meu sonho quis explicar melhor para mim mesmo que o meu ciúme não vem de você, mas da sequencia de projeções que faço desde a adolescência. Acordei impossível, esbravejando com a Maria, dizendo para ela por veneno na comida do seu novo amor. Saí com o pequeno, para espairecer, e o frio e a neblina fizeram o dia ficar ainda mais carregado. E continuando nesse ritual de te matar em mim, vim pensando que quando fiz essas fotos estava forçando um romantismo cinematográfico que não era tão verdadeiro assim. E gritei de novo dizendo que não posso mais fabricar amores, e que agora só posso reagir arrebatamentos. Mas da mesma boca que confirmou o que eu já sabia veio à calma, a cantoria. Maria falou: esses dias ele me disse que é muito estranho não falar com você, pois o que vocês tiveram foi muito especial. Daí caguei para todo o resto. Realmente pouco importa que desalinhos estejam em curso, quando se descobre a relevância das histórias vividas. E agora reafirmo as fotos, não por saudades, mas por alegria de ter tido encontros tão fulminantes, tão desprovidos de segurança e que mantém essa casquinha de cicatriz molhada, não deixando que nunca se recupere. Romances tremendos não podem sumir da pele. Batata!
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