Ele gostava de pegar pedaços de paredes descascadas no meio da rua para recriar espaços em ruínas ou que apenas registravam o passar do tempo. Sabe aquelas lascas que criam camadas que sobrepõe umas as outras e que quando cai você percebe que levou muitas mãos de tinta? As vezes elas tem até cores diferentes, mas sempre uma cobrindo a outra.
Quando ele viu o espaço tombado pelo patrimônio histórico ele pensou que seria difícil uma restauração, mas ao mesmo tempo entendeu que aquele estado era a própria perfeição. Não precisava ser restaurado. Era um estado preciso, em que a qualquer momento tudo poderia desmoronar.
Se não conhecemos os donos daquelas centenas de polaroides podemos criar ficções a partir de cada nome proposto ou feição ou angulo da foto. Achar aquela sacolinha no meio da rua seria um tesouro encontrado que possivelmente faria com que eles ficassem dias criando teias relacionais.
O tempo de fora parecia ter parado, um tempo suspendido, catado, achado, não restaurado.
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